Ética de Dados

Um Imperativo Estratégico para Líderes na Era Digital

Maritza M. Carvalho Francisco

9/16/20243 min read

Na conferência recente sobre Governança de Dados e Qualidade da Informação, Karen Lopez e Peter Aiken trouxeram à tona questões cruciais sobre ética de dados que ressoam profundamente nas práticas corporativas da atualidade. Em um mundo cada vez mais orientado por dados, as fronteiras entre o correto, o legal e o moral continuam a se desdobrar em áreas cinzentas que desafiam profissionais e organizações a navegar por um terreno ético instável. A apresentação de cenários extremos, como a consultoria para o crime organizado, serve para ampliar o entendimento sobre os limites éticos na governança de dados.

A ética, definida por Lopez e Aiken como a diferença entre o que podemos fazer e o que devemos fazer, é frequentemente obscurecida pela rapidez das inovações tecnológicas e pelas pressões do mercado. Nesse contexto, a confusão entre moralidade, legalidade e ética não é apenas comum, mas também problemática. Como profissionais, é nosso dever distinguir claramente esses conceitos, assegurando que nossas ações não apenas cumpram a lei, mas também adiram a um padrão ético elevado.

A falta de treinamento em ética, destacada pelos palestrantes, é uma falha significativa nas práticas educacionais atuais. A ausência de uma educação ética robusta na ciência de dados é preocupante, dada a capacidade desses profissionais de influenciar vastos aspectos da vida privada e pública. Como então podemos esperar que tomem decisões conscientes sobre a privacidade e a integridade dos dados?

Os dilemas éticos não se limitam a grandes questões; eles se manifestam em pequenas ações do dia a dia, como a transferência de dados para um servidor ou a aplicação de um novo software. Cada uma dessas ações pode ter implicações éticas significativas, destacando a necessidade de uma governança de dados consciente e informada.

A necessidade de treinamento em ética de dados se estende para além dos cientistas e gestores de dados. A cultura corporativa de dados deve abraçar uma revisão ética completa, onde todos os envolvidos com dados – de técnicos a executivos – compreendam profundamente as implicações de suas ações. Somente assim poderemos evitar os "erros inocentes" que podem ter consequências graves.

E por falar em cultura corporativa de dados, de acordo com o "2024 Ethics & Compliance Program Effectiveness Report" da LRN, apresentado no blog da Corporate Compliance Insights, 77% dos profissionais de Ética e Conformidade indicaram que suas organizações enfatizam valores ao invés de regras para motivar comportamentos éticos. Esse relatório destaca a eficácia dos programas baseados em valores, mostrando uma forte correlação entre esses programas e a redução de riscos e melhores resultados de negócios. Isso se aplica ao programa de Governança de Dados na construção de uma cultura de uso ético de dados.

As implicações de nossas ações na era digital são ampliadas pela persistência e pela expansividade dos dados. Um simples clique pode afetar a vida de milhares, e uma decisão mal informada pode comprometer a privacidade de inúmeros indivíduos. Assim, cada um de nós na esfera de dados carrega uma responsabilidade significativa.

Finalmente, enquanto contemplamos a ética de dados em nossas organizações, devemos também olhar para as tecnologias emergentes e as práticas corporativas através de uma lente ética. Devemos ser vigilantes, críticos e, acima de tudo, éticos em nossa condução. Pois na interseção de dados e dia-a-dia, as decisões que tomamos moldam o mundo em que vivemos.

Convido a todos na comunidade de dados a refletirem sobre esses pontos e a se engajar em um diálogo contínuo sobre como podemos, juntos, fortalecer a ética de dados em nossas práticas profissionais e em nossas organizações.

Para quem desejar ler o artigo na íntegra, deixo o link abaixo:

https://www.dataversity.net/data-ethics-new-frontiers-in-data-governance/