Deixeos dados mudarem o jogo.
Lições de Moneyball para a Governança de Dados
Maritza M. Carvalho Francisco
9/16/20245 min read


Este filme oferece uma excelente ilustração de como a análise de dados pode ser utilizada de forma estratégica para transformar operações e decisões em uma organização. A história de Moneyball exemplifica muitos princípios-chave que também são fundamentais na governança de dados.
O filme conta a história de um gerente de um time chamado Billy Beane que enfrenta um dos maiores desafios de sua carreira:
Como transformar um time “quase falido” com um orçamento baixíssimo em um competidor de elite na liga de beisebol?
A resposta veio quando Billy Beane conheceu Peter Brand, um jovem e brilhante estatístico recém-saído da faculdade. Peter via dados onde outros viam apenas jogadores. Para ele, números e estatísticas contavam uma história que os métodos tradicionais de scouting não conseguiam captar. Ele acreditava que os dados poderiam identificar jogadores subvalorizados que, juntos, poderiam formar uma equipe vencedora.
Na governança de dados, essa é a primeira lição: Reconhecer os dados como um ativo estratégico.
Assim como Peter, as organizações que descobrem o valor oculto em seus dados podem transformá-los em uma vantagem competitiva.
Quer conseguir priorizar o programa de governança de dados em sua empresa?
1. Conheça as dores e problemas que sua empresa enfrenta;
2. Pesquise como outras empresas utilizaram dados para enfrentar situações semelhantes;
3. Crie um business case e apresente sua proposta totalmente baseada em dados.
Peter Brand sabia que os dados eram a chave, mas eles precisavam ser precisos, consistentes e relevantes. Ele focou em métricas que realmente importavam, como a taxa de chegada em base (OBP), ignorando as estatísticas tradicionais e menos importantes para o seu contexto.
Nossa segunda lição diz que na governança de dados, garantir a qualidade e a consistência dos dados é fundamental. Sem dados confiáveis, decisões informadas não podem ser tomadas. As organizações devem implementar processos rigorosos para assegurar que seus dados sejam precisos e utilizáveis. Um programa de Governança de Dados não atua somente na função de governança, mas endereça as questões relativas à qualidade de dados, pois sem ela, não há como impulsionar a utilização dos dados na tomada de decisão.
Mas como saber quais são os dados que terei que incluir no radar da qualidade de dados?
1. Analise o seu business case e identifique os dados que o suporta;
2. Identifique os stakeholders envolvidos;
3. Identifique os data owners data stewards candidatos;
4. Realize a pesquisa qualitativa de qualidade de dados com esses stakeholders;
5. Realize o perfilamento dos dados;
6. Trace a baseline e as metas de QD que estarão congruentes com o programa de governança de dados;
7. Ore e labORE...
Nem tudo foi fácil para Billy e Peter. Eles enfrentaram resistência de todos os lados, desde olheiros experientes até a própria equipe técnica. A ideia de confiar em números em vez de intuição parecia herética para muitos. Billy e Peter podiam ouvir o clamor de seus opositores: Queima eles Jesus!
Assim como Billy e Peter, aqueles que implementam programas de governança de dados frequentemente enfrentam mudanças culturais desafiadoras. Convencer uma organização a adotar uma cultura orientada por dados requer liderança e uma comunicação clara dos benefícios tangíveis que os dados podem proporcionar. Convencer os data owners e data stewards de que agora a qualidade de dados é uma responsabilidade deles e que eles não poderão mais usar a célebre frase: A culpa é da TI, é um desafio quase do tamanho da abertura do Mar Vermelho.
Nossa terceira lição está relacionada ao engajamento, à quebra de resistência e a construção de uma cultura forte.
Então, o que fazer para engajar a “multidão enfurecida que queima os carros da polícia [1]” e que ora grita “Hosana ao Filho de Davi[2]” e na semana seguinte grita “Crucifica-o[3]”?
1. Acolha com empatia. Aqui não vale a regra do “se vira nos 30”. Dentre as estruturas de apoio da governança de dados, lembre-se de criar o Conselho dos Data Stewards, uma espécie de grupo de apoio que muito irá fortalecer este perfil dentro da organização;
2. Mais que um programa de treinamento, o programa de capacitação deve objetivar construir competências e habilidades. A atitude ficará a cargo da área de Pessoas com programas específicos de desenvolvimento humano;
3. Construa um roadmap de eventos de engajamento, gamificação, premiações. Pessoas precisam disso, gostam disso e participam disso;
4. E o mais importante de tudo: Contribua para que esta comunidade dê RESULTADOS concretos e os torne VISÍVEIS para toda a organização.
Billy e sua equipe utilizaram a tecnologia para analisar dados e encontrar os jogadores certos. Com a ajuda de Peter, eles criaram um sistema que permitiu tomar decisões rápidas e baseadas em evidências, revolucionando a maneira como as equipes de beisebol eram montadas.
Nossa quarta lição nos afirma que na governança de dados, as ferramentas tecnológicas são essenciais. Desde catálogos de dados até soluções de análise, a tecnologia ajuda as organizações a capturar, gerenciar e interpretar dados de forma eficiente, permitindo decisões informadas e estratégicas. E como fazer isso?
1. Selecione e implante ferramentas que atuem em todas as funções de gestão de dados e cubra o seu ciclo de vida, de gênesis a apocalipse... pensando bem, apocalipse não. De gênesis até a ascensão de Jesus. É importante ter ferramentas que facilitem o trabalho dos papéis que a governança de dados estabeleceu, dos data owners e data stewards até os papéis mais técnicos como arquitetos de dados, engenheiros de dados, engenheiros de ML, dentre outros;
2. Engaje com Clareza: Comunique de forma clara e consistente como a tecnologia facilitará o trabalho e trará benefícios tangíveis para todos os envolvidos;
3. Faça workshops, demonstrações, crie vídeos e podcasts para mostrar o valor real das ferramentas e compartilhar cases internos;
4. Crie uma Comunidade de Prática: Forme grupos de apoio ou "champions" de tecnologia dentro da organização. Esses grupos podem atuar como multiplicadores, ajudando colegas a adotarem e utilizarem as ferramentas de forma eficaz;
5. Incentive a Inovação e o Uso Criativo: Promova eventos de “datathon”, competições de inovação e desafios de gamificação que incentivem o uso criativo das tecnologias. Reconheça e recompense as soluções inovadoras que demonstrem o impacto positivo das ferramentas.
6. Mostre Resultados Concretos: Compartilhe casos de sucesso e métricas que provem como a tecnologia está impulsionando a eficiência, melhorando a qualidade dos dados e facilitando a tomada de decisões estratégicas.
A decisão de Billy e Peter de confiar em dados mudou o destino do Oakland Athletics. Com seu novo time, construído sobre análises cuidadosas, eles desafiaram todas as probabilidades e mostrou que dados, quando usados corretamente, podem mudar o jogo.
Essa é a essência da governança de dados: usar dados para guiar decisões. As organizações que conseguem alinhar seus processos de decisão com insights baseados em dados podem inovar, otimizar e prosperar em um ambiente de negócios cada vez mais competitivo.
A jornada de Billy Beane e Peter Brand em "Moneyball" é um testemunho poderoso de como os dados podem transformar uma organização. Na vida real, a governança de dados oferece as ferramentas e práticas necessárias para que empresas de todos os setores possam replicar esse sucesso. Quando a arte imita a vida, vemos que dados não são apenas números em uma planilha ou em uma base de dados — são as histórias não contadas que podem revolucionar a forma como vivemos e trabalhamos.
[1] Música Desordem do grupo Titãs
[2] Bíblia Sagrada: Mateus 21:9
[3] Bíblia Sagrada: Lucas 23:21
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